segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Verônica

Estamos no ano de 1939. Uma linda garota de cabelo castanho cujo os olhos tem cores diferentes, do lado esquerdo é azul e o lado direito castanho escuro,  nasce depois de um parto cheio de sofrimento e uma trágica morte. A mãe de Verônica, não resistiu ao esforço de dar a luz a sua filha.
Verônica então é levada para um orfanato, pois seu pai era um saldado estadunidense que lutava na Segunda Guerra Mundial, e fora morto 3 meses antes dela nascer.
A historia realmente começa quando ela completa 10 anos.Houve uma grande festa no orfanato, muitos presentes, muita bagunça e tudo que uma criança gosta. A noite quando foi se deitar, ouviu alguns ruídos pela casa  e mesmo sem saber o que era ascendeu a luz do seu abajur que fica ao lado da cabeceira de sua cama, desceu as escadas e chegou até a sala. De repente veio o grito.
-Aaaaaaaaah! – ela gritou desesperadamente, seus olhos estavam arregalados. Alguma coisa tomava conta do seu corpo .Com um grito desses a casa toda acordou. Todos desceram para ver o que havia acontecido.
-O que você tem Verônica? – perguntou o diretor do orfanato.
Ela não respondia. Se jogou no chão e começou a se contorcer toda, seus olhos ficarão negros. Dava medo só de chegar perto. Era um espírito querendo possuir seu corpo.Ela já sabia disso, porque quando tinha cinco anos essa mesma cena aconteceu e ninguém acreditou nela. Diziam ser manha.
O diretor estava desesperado então ligou para o padre vir as pressas ao orfanato, no telefone ele disse que poderia ser um espírito dominando o corpo da criança.Quando o padre chegou, ele arregalou os olhos, nunca havia visto uma coisa tão horrível quanto aquela, a garota estava mesmo possuída, disso ele não tinha duvidas. Ele pegou seu crucifico de prata, tirou sua bíblia de dentro da bolsa e pegou água benta que estava junto. Começou a orar em latim, jogou água benta na testa de Verônica e seu rosto começou arder e queimar. Ela gritava sem parar- ou será que era o demônio?
Depois de dez minutos caída no chão se contorcendo toda, lutando contra o espírito , Verônica consegue voltar a si.Ela abre os olhos lentamente, vê tudo embaçado e pergunta:
-O que aconteceu comigo?- ela tentava se levantar mas se sentia tão fraca.
-Nós é quem queremos saber Verônica. Você começou a gritar e nós ficamos assustados. – disse o diretor.
-Era uma fantasma! Ele dizia que queria entrar no meu corpo, mas eu não deixei e ele persistiu.- ela falou como se fosse uma coisa normal.
-Fantasmas não existem, isso é drama. – disse uma coleguinha.
-Não tenha tanta certeza disso minha querida. – disse o padre- O que vocês presenciaram hoje foi um exorcismo de alto nível, ela quase perdeu seu corpo para o demônio .
-Verônica, não existe fantasmas.Volte para sua cama, na verdade, todos voltem a dormir.- o diretor disse isso para que as crianças não ficassem tão assustadas.Mas ele realmente sabia que aquilo era demoníaco .
Era como se ela estivesse petrificada e de repente seu corpo voltasse ao normal.Subiu as escadas,deitou na sua cama, se cobriu toda com o lençol e ficou pensando naquilo a noite toda.
-Sabe Verônica, eu acredito em você! –  foi a única coisa que sua coleguinha Michely disse antes de voltar a dormir.
Coleguinha era pouco, Michely era a melhor amiga de Verônica. As duas sempre estavam  juntas em tudo.
Dez anos se passaram, estamos em 1959 e a Segunda Guerra mundial já havia terminado.
Verônica já tem 20 anos, é solteira e,por ironia do destino, é diretora do orfanato em que ela morou. Seus dias são bem rotineiros, ela sempre acorda as 7:00 horas para ir comprar pão fresquinho para as crianças comerem, depois disso ela aproveita o tempo vago para correr, depois volta para casa toma uma ducha e vai cuidar dos assuntos do orfanato.
Como de costume depois do café da manhã Verônica sai para correr, com sol ou chuva ela estava na rua correndo. Naquele dia o tempo estava nublado, a noite tinha sido toda com chuva, mais isso não a impediu de sair do orfanato. As calçadas sempre cheias de pessoas caminhado, indo para o trabalho, cumprindo com os seus deveres. Isso atrapalhava seu pique na corrida, então ela desceu da calçada e foi correr na rua. Mal sabia ela que na direção oposta um Jeep estava ultrapassando um caminhão longo, carregando carne para o açougue onde ela acabaria de passar. Antes do Jeep ultrapassar o caminhão tudo estava de acordo, exceto quando outro carro que estava dobrando a esquina entra na frente do Jeep. Ai começa todo o caos, o caminhão freia bruscamente deixando o motorista do Jeep quase sem saída. Ele ultrapassa o caminhão e desvia do carro. Perfeito! Engano seu, pois quando ele desvia do carro que estava dobrando a esquina ele não vê Verônica correndo e a atropela.A batida foi intensa, não houve tempo dela pensar em correr. Seu corpo foi arremessado para cima do capo do carro, batendo a cabeça violentamente no para brisas.
Logo, um mutirão de pessoas pararam para ver o acidente. O dono do Jeep desesperado ligou para a emergência enquanto o motorista do carro fugia sem rumo.
O motorista do Jeep vai até o orelhão mais perto pedir socorro.Ele coloca a moeda no telefone e digita o numero da emergência.
-Alou? Precisamos de uma ambulância urgente aqui na Avenida Holsen. – ele disse desesperado.
-Por favor senhor, seu nome.
-É Bryan McConeli.
-Tudo bem, estamos mandando um de nossos carros.
A mente de Bryan estava toda embaraçada, o medo dominava seu espírito.
Verônica estava desmaiada e durante isso  encontrou o espírito de seus pais. Era um lugar lindo, cheio de flores, muito tranqüilo, um lugar de paz.E durante o tempo desmaiada ela conversou com eles.
-Pai, mãe- as lagrimas já escorriam pelo seu rosto. – Sinto tanta falta de vocês.
-Verônica minha filha- disse a mãe.
-Filha estamos aqui e não é por acaso, você sabe que é diferente de todas as pessoas e essa diferença gera coisas boas e ruins na sua vida. Viemos avisá-la que algo no futuro vai impedi-la de se realizar e ... –a imagem dos pais começou a desaparecer.
-E o que pai? Diz!
De repente o clarão tomou conta dos seus olhos e ela estava de volta a realidade.
-Oh meu Deus. Você esta bem? – perguntou Bryan.
Ela já estava no hospital, deitada numa maca cheia de aparelhos ao lado da cama.Abriu os olhos e viu aquele homem que ela não fazia idéia de quem era, mas se encantou assim que o viu.
-Estou sim. Mas quem é você? – ela indagou.
-Eu sou o cara que te atropelou. – ele ficou com medo de dizer isso, mais ele sabia que tinha de dizer a verdade.
Sem saber o que dizer ela apenas falou:
-Ah, oi.
-Oi! – ele disse todo sem graça.
-Você não é um covarde, sei disso porque você esta aqui do meu lado. Se fosse um teria fugido no exato momento do acidente.
Ele sorriu.
-É. Me desculpe, eu só fui ultrapassar o caminhão mas ai veio aquele outro carro e... e eu não vi você correndo. Por favor me perdoe.
-Esta tudo bem, eu estou viva e já estou melhor.
Ela ficou no hospital somente dois dias e nesse curto tempo Bryan sempre estava lá ao lado dela. Quando Verônica saiu do hospital sua vida voltou a ser o que era antes, cuidar do orfanato, correr- mas agora ela corria na praça Wechick.
Um dia desses correndo na praça da de cara com Bryan.
-Hey- ele a vê e sorri.
-Oi, como você esta? – ela pergunta sorridente.
-Eu estou ótimo, e você ? Vejo que já esta bem melhor, ta até correndo!
-Estou bem melhor agora! É, eu não consigo ficar muito tempo parada. Não sabia que você corria por aqui. - Fez uma cara de surpresa.
Na verdade ele não corria, mas ele sabia que ela estava correndo na praça, pois ele tinha visitado o orfanato em um dia desses quando ela não estava e um garotinho tinha o contado onde ela corria agora.
-Ah, eu venho poucas vezes na semana só para não ficar parado.- ele ficou sem graça.- Mas então, o que você vai fazer agora?
-Eu tenho mais 1 hora livre antes de voltar pro orfanato.- por dentro ela estava torcendo para que ele a convidasse para tomar um café.
-Aceita tomar um café comigo ? – ele estava todo sorridente, na esperança dela dizer sim.
 Ela não pensou duas vezes. Recusar seria falta de educação,não?!
-Claro que sim. – ela ficou meia vermelha, mas aceitou o convite .
Os dois foram correndo até a cafeteria Dud’s Café, chegando lá sentaram-se bem próximos a janela que tem vista para a catedral.
Ela puxou assunto.
-Onde esta sua família senhor Bryan McConeli? – ela perguntou atenta.
-Minha família foi morta em um acidente de carro quando eu tinha 10 anos. Desde então passei a morar com os meus avós, mas eles já faleceram. – surgi um aperto no seu coração que o quase faz chorar.
-Nossa, sua historia é tão triste. – ela sabia que tinha algo em comum com a dela.
-Mas e a sua família? Você é casada? – torcia para que ela dissesse não.
-Meu pai era um soldado que lutou na segunda Guerra Mundial e morreu 3 meses antes de eu nascer e a minha mãe morreu quando estava dando a luz.E não sou casada. – um breve aperto no seu coração havia feito ela se lembrar do ultimo momento em que tinha visto eles.
-Nossa, somos mesmo tão parecidos. – ele coloca sua mão em cima da dela.
Ela cora, fica sem jeito e só responde com a cabeça.
Esse não foi o único encontro deles. Todos os dias ele ia visitá-la no orfanato, nas manhãs de sábado ele corria com ela, e aos domingos tomava café no orfanato.
Ele achava que era o exato momento para pedi-la em namoro. E foi no dia 22 de setembro 1959 que Verônica soube o que era ter alguém ao lado dela.Bryan foi até o orfanato para pedi-la em namoro com um buque de rosas brancas e uma aliança de compromisso.
-Verônica há dias que eu tento lhe dizer, e  eu sinto que a amo mais que a minha vida. Então, eu quero estar com você. - parecia-se com um pedido de casamento, mas era um simples pedido de namoro que a levou as alturas,que a fez ficar vermelha na frente de todos, mas que simplesmente a deixou feliz.
-Você quer ser a minha namorada? – ele perguntou sorrindo.
-Mas é claro.Eu amo você! – ela estava completamente feliz.
Ele abriu a caixinha onde a aliança estava, ela esticou o braço direito para que ele colocasse o anel em seu dedo. Então os dois se aproximaram, ela fechou os olhos e deixou o sentimento falar mais alto. Ele a beijou suavemente, fechou os olhos e sentiu que foi correspondido com o mesmo carinho. Todos que estavam presente na mesa levantaram e bateram palmas pelo casal. Isso fez com que os dois ficassem vermelhos, mas felizes.
Na mesma noite quando Verônica já estava em sua cama, viu a alma de  um militar pedindo socorro. Ela ficou assustada, mas não gritou, conversou com o fantasma como se ele fosse de carne e osso.
-Por que você esta aqui?
-Você tem que me ajudar, a minha família, eles estão me esperando. Meu nome é Victor,e eu morri no campo de batalha.- o fantasma falava desesperadamente.
-Você já esta morto, não há nada que eu possa fazer.Por favor me deixe em paz.
Sem persistência a alma desapareceu naquela noite.
O tempo foi passando e o amor de Bryan e Verônica iam se tornando maior, eles passavam muito tempo juntos. Um sempre estava ao lado do outro quando era preciso.
Dois anos após pedir Verônica em namoro Bryan decide que já é hora de dar o próximo passo. Se casar.
Ele a levou até o café onde tiveram seu primeiro encontro.
-Você precisava falar algo comigo amor? – ela indagou.
-Sim. Pode comer enquanto eu falo. – a aliança estava dentro do pão doce que ela sempre pedia.- Nós já estamos namorando há dois anos e sinto que nosso amor será eterno. Como Romeu e Julita, se você se for sinto que não agüentarei a solidão e morrerei aos prantos. Então quero passar o resto da minha humilde vida ao seu lado.
Ela pegou o pão em que estava a aliança, partiu ele ao meio com as mão e a aliança caiu na mesa.
-Oh Bryan você esta me pedindo em casamento? – ela sorria, estava surpresa e muito feliz.
-Sim. Verônica aceita se casar comigo? – as batidas do seu coração estavam violentas, ele sentia que se ela disse- se não o coração iria parar e ele morreria de sofrimento.
-Eu aceito. – seus olhos encheram-se de lagrimas, um grande sorriso apareceu no seu lindo rosto.
Ele deu um grande beijo nela, inesquecível sem duvida.
O casamento foi marcado no dia 22 de setembro de 1961. Quando eles completariam 3 anos de namoro.
Nesse período o tempo parecia voar, tudo estava acontecendo tão rápido que era difícil de acreditar que eles haviam se conhecido somente há 2 anos.Isso os deixou mais íntimos, mais amigos, mais amantes.
O casamento seria realizado no orfanato, um lugar que os dois deixariam de agora pra frente. No dia do casamento Bryan leva Verônica para tomar o ultimo café da manhã na cidade, pois o casal iria para Londres na lua de mel. Voltando para casa, eles são abordados por um homem usando uma mascara escura com uma faca na mão.
-Passem a grana pombinhos! – o ladrão gritou.
-De tudo a ele Bryan.- Verônica disse desesperada.
Mas Bryan se negou a dar tudo o que ele tinha.O assaltante tentou tomar a bolsa de Verônica e Bryan tentou impedi-lo , e por um descuido foi esfaqueado direto no peito.O ladrão fugiu em sem levar nada.
Verônica caia aos prantos quando a emergência chegava. O que não adiantou muito pois Bryan havia morrido instantaneamente.
-Não me deixe Bryan, eu te amo. Você prometeu ficar ao meu lado para sempre!- ela chorava pela vida de seu ex-futuro marido, seu choro não foi ouvido por Deus e a vida de Bryan não havia retornado.
Enquanto o corpo estava indo ao hospital, Verônica pega o carro e volta desesperada para o orfanato. Ela se tranca no quarto e chora mais e mais.
Varias almas vinham atormentá-la, pedindo socorro.Ela estava desesperada, não sabia mais o que fazer. Estava infeliz, pois seu sonho era se casar e ter uma família. Ela pensou:
-Será isso o que meus pais tentaram me alertar?
Ela não sabia ao certo, não conseguia nem ouvir seu próprio pensamento. Então, pegou o carro e saiu em fúria em direção ao parque. Os fantasmas ainda a atormentavam e ela fechou os olhos e deixou o carro a levá-la. O automóvel foi direto para o lago Sneshy, ele estava a 100km por hora quando caiu no lago. Sua vida estava acabada e ela poderia ficar ao lado de seu amado para sempre, como Romeu e Julieta.
Mas algo, havia acontecido. Ela estava viva, sabia disso porque acabara de acordar no hospital estava em uma sala,deitada em uma maca, cheio de paramédicos do lado dela. Antes de acordar ela viu a alma de seu falecido noivo, ele implorou para que ela não se matasse, pois queria que o filho deles pudesse vir ao mundo e honrar seu nome.
Ela já estava bem, o parto foi longo e perigoso. Demorou 4 horas. Ela sofria tanto, era seu primeiro filho e ela sentia que valeria a pena todo o sofrimento, porque ele estaria com ela sempre, sem deixá-la sozinha.
Era um lindo garotinho. Ela o segurou no colo e disse:
-Meu filho.Seu nome será Bernardo, o nome de seu avô.
Fechou os olhos, e o mundo havia escurecido todo para ela. O bebe começou a chorar e o coração de Verônica havia parado.Dessa vez ela não escaparia da morte.
Ela se encontrou naquele mesmo lugar de paz que havia visto seus pais, com seu noivo. Ele deu a mão para ela, e os dois seguiram juntos por um lindo jardim cheio de rosas brancas. Finalmente os dois ficariam juntos sem que nada atrapalhasse como eles acreditavam que Romeu e Julita estivessem, unidos até depois de mortos.
Hoje no ano de 2004, o filho de Verônica e Bryan esta com 43 anos e tem sua própria família. Ele tem uma garotinha de 12 anos que tem o mesmo dom da avó, ver almas que ainda não cumpriram seu destino enquanto estavam vivas.



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