terça-feira, 8 de maio de 2012

"Q" de insanidade



quero ficar sozinho,
quero toda dor sem um pingo de carinho.
quero que seja real, quero sentir, quero sofrer.
quero você longe, distante de mim.
quero fechar os olhos e nunca mais acordar.
quero meus pesadelos e todo suor que vem com eles,
quero o frio da madrugada como cobertor,
quero mais que um prêmio de consolação,
quero suor, sangue e redenção.
quero essa alergia se espalhando em minha pele, ferindo meu coração.
quero sentir seu sabor, seu aroma para quem sabe assim cortejar sua paixão.
quero que a noite caia de pressa, que as luzes se apaguem para que seus olhos iluminem meu chão.
quero sair do fundo, regressar a margem e estufar meu coração.
cansei de ficar sozinho,
com todas as dores e pouco carinho.
quero você perto, junto a mim.
quero manter os olhos bem abertos para não perder mais nenhum segundo.
quero você invada minha mente e penetre em meus sonhos,
quero o calor do seu corpo,
quero ser mais que um acaso,
quero calor, amor e paixão.
quero curar a insanidade que brotou aqui sem permissão.


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Homem (?)



Homem sem rumo que cresceu na cidade
recoberto por façanhas de moço sonhador.
Do âmago da vida senti a alma apertando as entranhas.
Foi criança feliz,
de pele branca e vida leve
sempre assim, desatado ao chão.
Se tornou homem maduro de muitas paixões;
sofridas porém, paixões que queimam igual  a fogo.
Há sempre em sua vida bela moça de cabelos claros.
Moça essa, que traz em seu seio um vazio que então é preenchido por seu fervor.
Triste homem que não sabe mais o que quer,
faz como quando enche um balão que é solto pelo céu,
recarrega o coração de uma linda mulher e
então, solta ele para outro lugar qualquer.
E depois foge.
Num outro dia, acorda sentindo-se só;
mais amargo que pó de café adormecido.
Caminha outra vez sem rumo buscando os fragmentos do seu coração.
Homem de olfato aguçado,
reconhece linda jovem com quem já se deitou.
Hora ou outra, prende-se a um amor qualquer...
E novamente foge.
Sente as dores dos amores cortando seus pés,
que caminham sobre retalhos de sua alma ferida.
Homem de pulso forte, sensato e imponente
foge agora pois já esta descontente. 



quinta-feira, 19 de abril de 2012

Reviravolta



Eu quero ver cada gota das suas lagrimas caindo sem parar,
escorrendo por todo seu rosto, borrando sua maquiagem.
Quero que seu sangue ferva até queimar seu coração.
Quero que você sinta tudo que eu senti.
Quero ver a escuridão tomando conta do seu peito, apertando-o até o fim.
Toda depressão do mundo é pouca pra você.
Quero sua angústia, sua aclamação. Quero você só por diversão!
Vejamos agora o quão forte você é! Mostre-me todo poder que você dizia ter.
Consegui tirar a faca que você cravou nas minhas costas. A dor passou e a ferida cicatrizou. Aproveite que ela está limpa e empale o seu coração, pois dele nós dois sabemos que não existe nada além de escuridão.
Pensei no quanto me fez sofrer todas as traições que você cometeu e tudo que eu fiz foi erguer minha cabeça e sorrir porque eu sabia que quando eu sorrisse você estaria perdida.
Não existe relação com o perdão é tudo uma questão de devolução. Se você acha que esse foi o meu único golpe espere pelos outros, são tão fortes quanto este.
Se prepare, pois eu ainda estou de pé.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Dizem que se chama amor



É tão frio, tão estranho
uma parte vazia de dentro da alma
que mais parece um buraco escuro.
As luzes se acendem e mesmo assim o mundo me parece tão sombrio.
É uma parte de mim que tenho medo de revelar.
Tão supremo e mais forte,
vem de um lugar que desconheço
preciso de um laço que me prenda a alguma coisa,
que me segure quando estiver caindo nesse buraco,
que me proteja...
Porque o estranho me fascina e o medo me domina
talvez eu devesse sair, mas eu prefiro ficar e sofrer.
De tudo o que eu vivi,
das vezes que eu retornei desse mundo dentro de mim
descobri o nome disso, as pessoas dizem que se chama amor.
Se for isso mesmo receio eu que estou à beira de um grande penhasco
me preparando outra vez para cair.
A diferença é que agora quando eu firmar os pés nesse lugar estranho
sentirei você como se fosse a única sensação que eu possa ter.
A melhor sensação de toda minha vida, eu aposto. 


domingo, 1 de abril de 2012

Como eu posso ter você?

Nem sempre são sonhos, pode ser que a vida esteja prosseguindo para você, para nós. Fica assim então...
Mesmo que a terra se acabe e a imensidão do mundo suma serei seu,
pois assim como o coração a paixão sustenta minha carne e comanda minha vida.
E quantas vezes você pensou estar sozinha e eu estive lá? Quantas vezes você se pegou chorando pensando no passado e quando me viu sentiu como se o coração entrasse em erupção?
Traga-me beijos que eu te levarei os mais belos sussurros; traga-me problemas, eu serei sua solução; traga-me rancores e eu curarei suas aflições; traga-me seu amor e eu te darei meu coração.
Às vezes sinto que não preciso de você, que eu sou livre e amar pode não ser a melhor coisa do mundo. Mas então acordo desesperado sufocado em um pesadelo, em um mundo irreal coberto por uma depressão. Abro os olhos, respiro fundo, toco sua mão e entendo que esse é o mundo real, o meu mundo real onde você é o começo e o fim, é a minha alegria, é a minha paixão.
Cubra-me com sua ternura,
Viva minha vida como se almejasse o infinito.
Sonhe comigo, me deseje, me beije. Simplesmente me ame.

E tudo o que eu preciso saber é: como eu posso ter você?


sábado, 17 de março de 2012

Quando dezembro chegar

Você poderia voltar como o doce dezembro,
Como quando os pássaros voltam para o seu lar.
Eu daria tudo para matar essa saudade antes dela me matar.
Volte toda vez que eu pedir, fique quando eu mandar você ir e grite comigo quando eu me calar.
Eu não sei o que se passa dentro de mim. São sensações a todo instante e você não está aqui.
Geralmente as pessoas me perguntam quem eu sou, mas eu não estou interessado em responder isso. Preciso saber quem é você.
Quem é a moça que faz o sol surgir quando os meus dias estão nublados, quem é ela... Quem é você que sabe tudo sobre mim?
Venha como dezembro, caia sobre mim, faça do meu fim um novo começo. Liberte-me, me traga paz, me ame. Fique comigo, seja minha e de mais ninguém.
E eu só sei que quando dezembro chegar eu correrei em sua direção e de longe a avistarei. Sentirei seu cheiro de jasmim, ficarei bobo, te agarrarei e por fim a beijarei.   



sexta-feira, 9 de março de 2012

O sentir da poesia

A poesia em mim queima como fogo, arde como a paixão e dói como meu coração.
Mantemos um relacionamento instável, uma hora ela vem e outra se vai- e por fim não digo nada.
Sofro calado em uma noite qualquer. Não choro, finjo não sentir, mas tudo que eu preciso se encontra nesses devaneios poéticos que surgem como a tempestade de verão: quando vem acaba rápido e leva tudo o mais rápido ainda.
E então como toda tempestade depois que se vai, a poesia deixa sua marca em quem quer que seja. Ela te escolhe e quando você vê já está repleto de sensações inexplicáveis.
É assim que funciona a poesia, uma vez dentro é impossível querer sair.


sábado, 3 de março de 2012

Ao seu novo começo



Da calada da noite ouço suas orações
Você pede a Deus que suas dores se vão, pede um amor, uma nova paixão.
Então de mansinho sua voz chega aos meus ouvidos. A brisa penetra meu corpo e suas palavras tocam meu coração.
O tempo não volta você deve saber, mas o que não mata nos fortalece e eu sou a parte da sua vida que ira te fortalecer.
Você não precisa dormir todas as noites tentando esquecer alguém, mas você pode dormir todas as noites pensando em um novo alguém.
Esse não é o plano de ninguém, amar e depois sofrer.
Liberte-se dessa desilusão, pois há males que nos trazem o bem e agora eu estou aqui. Então não chore, há algo novo lá fora que você precisa saber.
E se mesmo assim a dor tomar conta do seu peito peça a Deus novamente e eu estarei ai. Grite o mais forte que puder mesmo que tempestades invadam o céu, mesmo que tormentas atrapalhem o nosso caminho, grite alto mais uma vez e eu sentirei como da primeira vez.
Como da vez em que me apaixonei por você. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A você que está por vir.

Da janela aberta sinto a brisa quente soprar em meu rosto,
Pergunto-me se é o seu beijo chegando até os meus lábios.
Vejo a lua e reconheço o quanto ela é linda,
Algumas vezes sinto que ela seria melhor em suas mãos.
Distraio-me... Me sinto perdido sem você!
Das noites que eu enfrento, dos dias que eu sofro, das angustias que me cercam,
Eu só preciso de você.
Como em um quarto fechado sinto falta do mundo do lado de fora, na verdade o meu mundo é você.
Fecho a janela, deito na cama. Fechos olhos e tento imaginar você, pois o seu coração já é todo meu.
Das fraquezas que eu tive, das dores que eu senti, da solidão que eu vivi nada se compara sem você aqui, pois sem você eu me torno fraco, meu coração inflama de dor e a solidão me busca a todo o momento.
Enfim eu olho para o seu rosto e imagino tudo que eu sempre quis, do jeito que você é. Mas você não está ao meu lado.
Pela manhã eu acordo implorando por mais um sonho, por mais uma noite de paixão, por mais sentimentos que ainda não tive, por mais devaneios, por mais tentações, por mais amor. Então a vida continua e você ainda não está aqui.



P.S: Por favor, esteja aqui quando o sol se por e o frio chegar. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Apenas mais uma ilusão



Mente vazia como o vento em um dia qualquer,
Olhos sobrecarregados com uma nuvem em um dia de tempestade,
Sorrisos curtos demonstram o pouco que você sabe de mim.
Não me impeça. Não me segure porque você não pode!
Como um carro desgovernado em uma noite onde a sobriedade está longe de chegar, saio por ai sem me preocupar. Sou tão forte quanto um tanque preparado para a guerra (ou pelo menos finjo ser).
O quanto de mim você quer? O quanto de mim você precisar ter?
Paguei o seu preço então agora  jogue o meu jogo. E mesmo assim não me terá.
Eu posso ser como as doces poesias que você escuta; posso ser... Eu posso ser tudo, menos o que você vai ter.
Nada de carinhos ou beijos perdidos, minha felicidade retorna quando a sua se vai. Porque fomos exatamente como você quis, porque você foi perfeita demais pra mim.
Então um dia eu abri os meus olhos e recuperei meu coração, eu me lembro de você dizer: “Você será meu para sempre”.  Dei a volta por cima, chega de desilusão!
Sentado ao lado da lareira, bebendo o melhor vinho, saciando minha sede menosprezo sua desprezível presença. Você chora e eu finjo não ver.
De segredos e mentiras restam-lhe seus jogos de amores, então pegue seus dados e recomece seu jogo bem longe daqui.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Eu,você e o sol de outono

O sol brilhava como se nunca mais fosse brilhar, como se o mundo precisasse ainda mais de luz e calor, brilhava como se fosse a única luz acesa em um quarto escuro. Tão intenso que me fazia queimar por dentro, fervendo como um vulcão. Eu percebi então que você estava de olhos fechados sorridente, a brisa pouco fria balança seu cabelo e o sol brilhava em sua pele. Você continuava ali sorrindo para o sol, e naquele momento eu ganhará uma pontada de inveja no coração, pois seu sorriso era para o sol que brilhava longe e não para mim que estava ao seu lado segurando sua mão como se fossemos duas crianças com medo de se perder dos pais. Você abriu os olhos e eu estava ali pronto para você. Pronto para que o mundo desabasse em cima de mim desde que você continuasse respirando, pronto para que o sol resolvesse queimar mais do que o necessário desde que você não sentisse as queimaduras, pronto para que um vento forte viesse e levasse tudo embora desde que eu e você fossemos para o mesmo lugar. Senti seu rosto corar quando acariciei seu cabelo, você desviou o olhar e quando percebeu meus lábios já se encaixavam perfeitamente nos seus. Eu sabia que não deveria parar mesmo que o sol queimasse nossa pele, mesmo que o mundo acabasse, mesmo que o vento nos levasse, porque não há nada que me faça desistir de você. De um beijo leve passamos para um mais intenso, com esse beijo pude sentir a mesma paixão que eu transmitia para você. Sentia por dentro a melhor sensação da minha vida (amor, talvez?). Eu abri os olhos e senti que você ansiava por mim ainda, pelo meu toque, pelos meus beijos. Não me importa, o mundo podia acabar agora desde que só sobrasse eu e você e o sol de outono para ascender nossa paixão. Enfim, preciso voltar para você antes que o sol se ponha e o amor se vá. 



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O amor e outras dores do coração

1.   Fôlego
Era uma tarde quente de verão, Denis, um rapaz tímido, sempre acompanhado de uma porção de livros, atravessava a rua depois de mais um dia torturante no colégio. Do outro lado da rua estava Anna e suas amigas, garotas do tipo que todos os garotos adorariam namorar. Denis estava certo de que era o momento para conversar com ela, então atravessou a rua, um carro buzinou para ele parecendo estar com pressa demais para deixá-lo passar, enfim chegou perto de Anna. Seu coração acelerou, sentia todos os pensamentos de uma vez só, seus lábios secaram, suas mãos tremeram. Sua coragem fora destruída quando Lance (não sei de onde surgiu esse cara) apareceu e beijou-a com tanto fôlego que roubou o ar de quem estava ao redor. Denis fingiu desviar o olhar, mas foi tarde, pois Anna já havia percebido, olhou para ele e deu um sorriso curto.

2.   Reencontro
Depois de certo tempo Denis conseguiu quase tudo que queria, morava em uma casa luxuosa, tinha carros importados, muito dinheiro, era diretor chefe de uma das maiores empresas de petróleo e gás do Brasil. O problema era que agora com 30 anos as coisas já não andavam mais tão “ricas” quanto antes sem contar que ainda não encontrará uma esposa. Tudo bem, ele estava certo de que o destino se encarregaria disso.
Um dia exaustivo no trabalho o deixara completamente estressado, com raiva de todos os problemas econômicos da empresa. Então saiu apressadamente de seu escritório, entrou no carro e partiu em direção ao centro da cidade. Seu celular toca, ele atende rapidamente enquanto dirige. A moça no seu celular era sua secretária dizendo que ele precisava voltar urgente para a empresa, pois uma reunião importantíssima estava prestes a começar. Discutiu ao telefone com a secretária e acabou se esquecendo da direção; uma mulher loira, de pele bronzeada, com corpo de uma daquelas moças de revistas, estava atravessando a rua quando de repente houve uma freada brusca.
-Você é louca ou o quê? – Denis saiu do carro rapidamente com o rosto vermelho em chamas. Mas quando olhou de perto a mulher que ele quase atropelou sentiu seu coração disparar. – Anna? Anna Fennix é você?
A mulher deixou todas as suas sacolas irem ao chão, o medo de ser atropelada tomou conta de seu corpo. Ela se abaixou para pegar as sacolas e quando levantou foi de encontro a Denis.
-Sim sou eu, você me conhece? – E então os dois se levantaram ao mesmo tempo com os olhos fixos uns aos outros sem disfarçar sequer um segundo. Denis sorriu e Anna retribuiu um sorriso quase igual ao que tinha quando ainda estava no colegial, exceto que agora tudo se tornara mais lindo nela do que antes.
Enquanto o mundo parecia parar para os dois, o carro de Denis estava no meio da rua mais movimentada da cidade. Um motorista que estava desatento naquele instante bateu seu carro em um hidrante fazendo jorrar água por todos os lados. Foi quando Denis segurou a mão de Anna olhando em seus olhos e disse:
-Desperdicei uma chance dessas no passado, mas ai eu senti que uma ultima chance aconteceria e me traria você outra vez. – Denis se aproximou mais ainda de Anna, seus corpos estavam molhados por conta do acidente no hidrante, ele a beijou suavemente sentindo o abraço firme que ela fazia em volta de suas costas. Sentia os lábios quentes de uma mulher linda que agora estava beijando intensamente. Ele sabia que agora não haveria quem pudesse atrapalhar o seu amor.

3.   Um pedido
-Eu me sinto o homem mais feliz do mundo! – Eles estavam deitados na cama, segunda-feira de manhã e o sol raiva do lado de fora.
-E por que você sente isso? – Anna virou para o lado de Denis deixando seu rosto o mais próximo que conseguiu sem tocá-lo.
-Porque você completa minha vida, consertou meu coração quando ele estava partido, me amou mesmo depois de quase atropelá-la... - ela riu um pouco e ele continuou dizendo-... Você é simplesmente a melhor coisa que me aconteceu. Eu amo você. – Ele a beijou com os olhos fechados querendo que aquilo fosse um sonho, porque sonhos duram tempos indeterminados, mas a realidade sempre tem um fim.
Anna sentou-se na cama olhou diretamente para a janela que impedia o sol de entrar completamente naquele quarto branco e disse:
-Promete me amar sempre?

4.   Ira
-O que? A economia está baixa? Não me importa, eu quero saber onde está o dinheiro dessa empresa? – Denis estava muito nervoso por conta das inflações na economia, coisa que nem ele mesmo entendia. Depois de certo tempo seu temperamento tinha mudado, sempre estava nervoso e irritado. Sua feição não era mais de um homem alegre, feliz por ter uma linda esposa e estar financeiramente estável.
Quando chegava em casa trazia consigo todos os problemas do trabalho, já não sabia mais separar nada em sua vida. Tudo estava virando uma bola de neve sem fim e sua cabeça estava em um caos só, pois temia entrar em falência e perder a empresa.
Na hora do jantar ele e Anna se sentaram para saborear a refeição predileta dele.
-Amor você parece estar... Cansado, talvez? – Ela olhou para ele rapidamente procurando descobrir qual a melhor palavra para decifrar o rosto dele sem irritá-lo.
-Cansado? Nossa como você adivinhou? – Em seus momentos de estresse toda ironia do mundo se localizava em suas palavras. Depois de comer pouco menos que um terço da comida do prato ele disse:
-O que houve com essa comida Elizabete? Você acha que eu sou um boi que adora sal? – Seu restou ficou vermelho ele se levantou da mesa e continuou dizendo: - Você é uma imprestável mesmo. É pra isso que eu te pago? – Estava quase a ponto de explodir, pegou o prato de comida e jogou na parede. Anna tentou intervir, mas ele acabou dando um tapa em sua cara. Só depois do ocorrido ele percebeu o que tinha feito seu; rosto agora mudara de irritado para assustado. Anna não disse nada nem chorou, subiu as escadas do seu quarto e trancou a porta.
A única reação de Denis naquele momento foi cair ao chão e deixar as lágrimas escorrerem pelo rosto, todos os problemas estavam o matando por dentro e agora ele acabará de bater na mulher que ele mataria para não ser tocada.
Alguns minutos se passaram e ele subiu até o quarto implorar pelo perdão. Bateu na porta, mas ela não a abriu.
-Me perdoe meu amor. Eu só estou cansado demais do meu trabalho. – Estava com a cabeça encostada na porta com os olhos cheios de lágrimas ainda. O braço estava apoiado na parede servindo de escora. Ela não respondeu de imediato, certo tempo depois ela gritou:
-Sai daqui seu cafajeste egoísta! – Estava totalmente triste, sua maquiagem estava borrada e seus olhos vermelhos. Ela continuou dizendo: - Você acha que por ter problemas tem o direito de descontar nas pessoas? Agora eu vejo que você não é... – Ela não terminou a frase e ele disse irrequieto:
-Que eu não sou o que? Me diz.
-Que você não é mais o homem de caráter que eu conheci há tempos atrás. Quem é você e o que fez com o meu ex-marido?
A palavra “ex” fez com que ele apenas chorasse mais e esmurrasse a parede. Do outro lado da porta ela chorava calada, para que ele não pudesse ouvir suas magoas. O triste de uma relação é descobrir que nem tudo são flores, que pessoas mudam e que nem sempre essa mudança é pra melhor.
Os dois ficaram quietos no mesmo lugar por tempos, mas quando Anna saiu do quarto viu que Denis sangrava pelo nariz e se debatia no chão. Ela ficou desesperada, chorou muito mais quando viu ele naquela situação.
-Denis, Denis... –Ela gritava tentando acordá-lo. – Por favor, Denis, por favor.
Nada adiantou, então correu de volta para dentro do quarto pegou seu celular e ligou para o hospital.
Suspirando forte ao telefone disse:
-Alô Emergência? Acho que o meu ex-marido está tendo um ataque do coração.

5.   Ferimentos
Cinco anos depois Denis e Anna estavam divorciados. Agora, a vida mudará completamente para os dois, Denis descobriu que tem câncer no cérebro e seu tempo de vida está se esgotando, mas enquanto isso procurava trabalhar ao máximo na empresa, e Anna era uma mulher solteira, independente e trabalhava em sua própria loja de roupas.
Em uma tarde quente de verão Denis era o único na empresa trabalhando feito louco. Nesse dia ele estava irritado demais pela cotação do dólar e todos os outros problemas financeiros que caiam sobre suas costas. Sentiu uma leve pontada no peito. Por um momento ele se pegou pensando em Anna, em como sua vida fora feliz. E depois quando pensou naquele triste fim, sua cabeça começara a dor, uma dor que trazia agonia. Seu corpo estava ficando frio, o suor escorria pela pele e o sangue descia do nariz. Então estava feito, acabara desmaiando.
Anna estava saindo de sua loja distraída com a vida, pensando em tudo que ainda poderia ter quando de repente sente uma pontada no coração e nesse momento percebe que está pensando em seu passado: Denis. Ela lembrava em como sua vida foi perfeita até certo momento, de como eles foram apaixonados. Enquanto caminhava pela rua tinha esses pensamentos, e então ela escuta uma voz distante gritando seu nome.
-Annaaaaaaa! – E quando se deu conta já estava ao chão.
Distraída ela atravessou a rua sem perceber o carro que vinha em sua direção, ele estava rápido e acertou ela em cheio. A pancada foi tão forte que o osso de sua perna ficou a amostra. Quando ela viu o sangue seu mundo girou, sua cabeça doeu brevemente e o mundo se apagou.

6.   Cicatrizes
Na sala de cirurgia Anna estava pronta para a operação, era arriscada e ela ainda estava desacorda.  
O hospital estava cheio então outra maca foi mandada para o mesmo quarto em que Anna estava. Talvez o destino quisesse um último reencontro, pois o homem deitado naquela cama era Denis. Ele estava pálido demais com os olhos fundos e quando viu Anna entrou em desespero, tentou chamá-la, mas sua voz era fraca e mesmo que fosse forte ela não o ouviria.
Denis explicou aos médicos que aquela mulher era sua ex-esposa e pediu para que a cama dele ficasse bem próxima da dela.
Ele precisou usar todas as suas energias para segurar o dedo mindinho dela e dizer que a amava. Então ela mexeu a mão e devagar abriu os olhos.
-D... Denis?
-Sim querida, sou eu. – ele abriu um pequeno o sorriso.
-O que houve com você?
-Eu tenho câncer e estou quase morrendo.
Ela riu brevemente depois gemeu com um pouco de dor.
-Você está morrendo e eu tenho certeza que estou no mesmo caminho.
-Não diga isso querida. Você... – Ele não conseguiu terminar de dizer.
Ela virou a cabeça para o lado em que ele estava tentou segurar um pouco mais a mão dele e começou a chorar. Ele olhou para o teto tentando desviar o olhar e então disse:
-Lembra quando você pediu que eu prometesse sempre te amar e eu fiquei calado?
-Lembro.
-Eu prometo, até depois de morrer.
-Você não precisa prometer mais nada. Nós dois estamos de partida.
-E é por isso que eu prometo agora.
-Você será livre onde quer que vá.
-Eu não quero ser livre, eu quero estar ao seu lado à eternidade toda.
Ela apertou a mão dele mais forte, e de repente soltou. Os médicos entraram rapidamente na sala, ela não se movia nem falava, seu coração estava parando de bater, mas seus olhos estavam cheios de lágrimas. Por fim ela sente que o mundo se acabou para sempre para ela.
Denis recebeu a notícia de que ela estava mesmo morta. Suas mãos ainda estavam juntas, ele a levou até o rosto e novamente começou a chorar. Sentia seu coração acelerar, sentia raiva de si mesmo por ter perdido ela para sempre. Sua cabeça doía novamente, um estalo nos ouvidos surgiu como uma bomba explodindo. Seu nariz sangrava e sua mente girava. Viu os médicos todos em cima dele. Sabia que seu tempo estava acabando, mas só conseguia pensar em Anna, por fim sussurrou:
-Anna, minha vida. Eu a perdi uma vez, não gosto de perdas então eu desisto dessa vida para passar a eternidade ao seu lado. Eu não vou perder nada aqui, mas eu vou ganhar você outra vez.
E então o fim chegou, a maldita luz que todos dizem ver quando se está morrendo (ou pelo menos é o que os filmes dizem), o fim das dores, a sensação de renovação, o fim da agonia, Anna. Ele parou no meio do túnel de caminho escuro e fim claro, olhou para trás e viu seu corpo em uma cama com sangue próximo a cabeça e então sua mente que vagava sabe-se lá para onde, refletiu: “Deus eu não estou morrendo, eu sinto que estou renascendo. Obrigado pela nova oportunidade.” Sorriu e seguiu seu caminho em direção a luz.